A Lógica do Cisne Negro

agosto 25, 2008

Para Nassim Nicholas Taleb, a lógica do Cisne Negro torna “ aquilo que não sabemos mais relevante do que aquilo que sabemos. Para este professor da Ciência da Incerteza, o Cisne Negro é um acontecimento que se reveste de três atributos:

 

1- Primeiro: é «atípico», porquanto se encontra fora das nossas expectativas normais;

 

2- Segundo: tem um enorme impacto;

 

3- Terceiro: devido à natureza humana faz com que construamos explicações para a sua ocorrência depois de o facto ter lugar, tornando-o comprensível e previsível.

 

Ao analisarmos globalmente o processo de reforma das organizações públicas materializado num sistema de avaliação, aplicado à totalidade dos seus actores ancorados numa pirâmide cada vez mais afunilada, causa-nos uma espécie de náusea (ver o significado de náusea descrito por Sartre) precisamente porque todos são, e, pretendem continuar a agir como Cisnes Brancos, actores da previsibilidade, actores sem resposta perante a (im)previsibilidade.

 

O que é preciso fazer? Na verdade, muito. Em primeiro lugar, urge desenvolver uma cultura de serviço público e alterar a patética frase vestir a camisola, actualmente desprovida de qualquer propósito, pois as acções, dos actores, não podem ser voluntárias, mas antes responsabilizantes e contratuantes.

As mudanças que não se realizam, não podem ser justificadas pela questão das mentalidades ou por falta de normativos. A grande questão reside no aprofundamento e na funcionalidade da lógica da coisa pública.

 

A mudança de procedimentos deverá ser aliada à democratização dos conteúdos da missão pública, limitando corporativismos formais e informais muito perto de uma certa cultura(s) suburbana(s).

 

Para terminar cito novamente Nassim Nicholas Taleb:”a nossa incapacidade de realizar previsões em ambiente sujeitos a Cisnes Negros, aliada à generalizada falta de consciência desta realidade, leva a que determinados profissionais, apesar de acreditarem ser especialistas, na verdade não o são. Com base no registo empírico não sabem mais sobre o seu objecto de estudo que a maioria da população, mas são muito melhores a dissertar sobre o mesmo – ou, pior, a confundir-nos com modelos matemáticos complexos. Há também uma forte possibilidade de que usem gravata.”.